TEMAS INTERESSANTES



Revista Internacional de Espiritismo • Maio 2015

Redução da maioridade penal x Evangelização

A finalidade educativa jamais deve ser descartada.
Tiago Cintra Essado, Maria Auxiliadora Santos Essado e Eduardo Ferreira Valério

01/05/2015



O tema da redução da maioridade penal voltou à tona na realidade brasileira. Antiga Proposta de Emenda à Constituição (PEC 171/93) reacendeu o debate. Ela pretende reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos.
O assunto merece ser visto sob três óticas: a jurídica, a social e a espírita.

1. Considerações jurídicas
Conforme a Constituição Federal, sujeitam-se à lei penal apenas os maiores de 18 anos. Para os menores de 18, há o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo o ECA, o crime praticado por criança (até 12 anos incompletos) e por adolescente (de 12 a 18 anos incompletos) denomina-se ato infracional. Para ambas as hipóteses, a lei atual prevê medidas de responsabilização, dentro de critérios de proporcionalidade.
Se o ato infracional for praticado por criança, ela estará sujeita a medidas protetivas, entre elas, encaminhamento aos pais ou responsável, orientação, apoio e acompanhamento temporários, matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento de ensino etc.
Por outro lado, se o ato infracional for praticado por adolescente, ele se sujeita a medidas socioeducativas, que vão desde a advertência até a internação em estabelecimento educacional, a depender da necessidade e da gravidade do caso.
Vê-se, assim, que o adolescente não recebe pena, mas medida socioeducativa. E isso guarda consonância com o princípio reitor do ECA, que é o da proteção integral à criança e ao adolescente.
A ideia, em síntese, é a de responsabilizar o adolescente quando em conflito com a lei, mas garantindo a finalidade educativa, e não meramente punitiva, da medida imposta.
Entendeu o legislador brasileiro que à criança e ao adolescente devem ser dadas “todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade” (art. 3º, ECA).
Nota-se, com isso, que já existe medida privativa de liberdade ao adolescente que pratica fato violento ou com grave ameaça à pessoa. No entanto, a responsabilização deve respeitar a “condição peculiar de pessoa em desenvolvimento” (art. 121, caput, ECA), característica essencial da adolescência.
Daí existirem, nas unidades de internação de adolescentes que cometem crimes violentos, ensino regular e esportes, além de assistência médica, social e psicológica.


2. Da realidade social
Crimes são praticados diariamente, a todo instante e em sua esmagadora maioria por adultos. Mas quando a conduta provém de adolescente, a mídia o coloca em destaque, dando a impressão de que só adolescentes cometem crimes, o que é falso.
A repórter Eliane Brum, em recente artigo sobre o assunto (1), sustenta que, “segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), dos 21 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida”. Por outro lado, o Brasil é o segundo colocado – atrás apenas da Nigéria – em número absoluto de homicídios de adolescentes. Afirma Eliane, que os homicídios representam 36,5% das causas de morte por fatores externos de adolescentes no país, enquanto para a população total corresponde a 4,8%. Conclui: “mais de 33 mil brasileiros de 12 a 18 anos foram assassinados entre 2006 e 2012”.
Vê-se que, segundo os dados, adolescentes, na verdade, estão sendo mortos.
“A cada ano, uma parte da juventude brasileira, menor e maior de idade, é massacrada. E a mesma maioria que brada pela redução da maioridade penal não se indigna. Sequer se importa. No Brasil, sete jovens de 15 a 29 anos são mortos a cada duas horas, 82 por dia, 30 mil por ano. Esses mortos têm cor: 77% são negros”, registra Eliane Brum.
Tais mortes de adolescentes excluídos socialmente revelam o descaso do Estado e da sociedade com essa parcela da população.
A discussão do tema implica reflexão sobre a realidade carcerária brasileira, que ocupa a quarta posição no mundo, atrás apenas dos EUA (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (740 mil).(2)
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2014, apontam que a população carcerária brasileira ultrapassou 574 mil presos. Enquanto isso, em 2012, a mesma fonte indica que havia 20.523 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas de internação, mas apenas 11,1% correspondiam a crimes violentos contra a vida (homicídio e latrocínio).
A realidade carcerária é de fácil diagnóstico: presídios superlotados, em condições subumanas e sem perspectiva de ressocialização.

3. Do olhar espírita
Na perspectiva do espírito imortal, a lei humana deve ter como diretriz a lei natural ou lei divina, dado que essa é perfeita (3). Daí a imprescindibilidade de se refletir sobre o conteúdo da lei natural, a partir dos princípios da Doutrina Espírita, para se identificar paradigmas para o aperfeiçoamento da lei humana.
A Doutrina Espírita é, por essência, progressista. Aliás, isso deriva de sua origem cristã. Ela visa à emancipação do fraco, daquele que se encontra em posição de vulnerabilidade física, social e espiritual, em detrimento do forte, que congrega os males decorrentes do arbítrio, do egoísmo e do orgulho.
A ideia é libertar o espírito, conscientizando-o, para que ele caminhe à custa de suas próprias decisões, ainda que naturalmente sujeitas aos equívocos da imperfeição. Evidente que há que existir limites claros e definidos, com as respectivas sanções, quando o caso, mas dentro de diretrizes ético-morais adequadas às respectivas condutas. Punir por punir é atavismo de eras de predomínio da vingança pública e social.
Em estudo específico de O Livro dos Espíritos sobre o progresso da legislação humana (4), a lição é clara no sentido de que “nos tempos de barbárie eram os mais fortes que faziam as leis e eles as fizeram para si. Contudo, à proporção que os homens foram compreendendo melhor a justiça, foi preciso modificá-las”(5).
Ainda, na mesma obra, os Espíritos ensinam que, influenciado por paixões, o homem cria direitos e deveres imaginários, condenados pela lei natural, e que os povos suprimem de seus códigos à medida que progridem.(6)
A Doutrina Espírita também revela sua impressão sobre o papel do Direito Penal na vida social: uma sociedade depravada precisa de leis severas, mas infelizmente, essas se destinam a punir o mal depois de feito, sem atingir a causa do problema.(7)
Espíritos não se transformam por decretos, nem divinos, tampouco humanos, mas sim pelo trabalho de conscientização das leis naturais, o que se dá por meio da educação. E sobre isso, os Espíritos são categóricos: “só a educação poderá reformar os homens, que assim não precisarão mais de leis tão rigorosas”(8).
Daí o imenso esforço do movimento espírita para dar cumprimento a essa diretriz da Espiritualidade, no sentido de investir e acreditar nos trabalhos de evangelização de espíritos, especial dos que encontram durante a reencarnação na situação de criança e de adolescente.
Por tudo isso, a redução da maioridade penal é incompatível com o ideal de evangelização dos jovens. Portanto, um retrocesso social e espiritual para a Pátria que almeja ser a do Evangelho.

1. Para Brasília, só com passaporte. Cf. http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/30/opinion/1427726614_598600.html. Acesso em 04/04/2015.
2. Se levar em consideração dados do CNJ (Conselho Nacional da Justiça), que considera presos em regime domiciliar, a posição passa para a terceira.
3. Ver questão 616 de “O livro dos espíritos”.
4. Questões 794 a 797, no cap. VIII, Lei do Progresso, da terceira parte, Das Leis Morais.
5. Cf. Questão 795, KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. p. 485.
6. Cf. Questão 795. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. p. 485.
7. Cf. O Livro dos Espíritos”, questão 796.
8. Cf. O Livro dos Espíritos, questão 796. Kardec, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. p. 486.

Maria Auxiliadora Santos Essado é defensora pública/SP e membro da AJE-SP (Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo).
Tiago Cintra Essado é promotor de justiça/SP e presidente da AJE-BRASIL (Associação Jurídico-Espírita do Brasil, www.ajebrasil.org.br).
Eduardo Ferreira Valerio, é promotor de justiça/SP e presidente da AJE-SP.

fonte: RIE - Revista Internacional de Espiritismo - maio 2015








SOMOS TODOS DEPENDENTES
  COLETÂNEA:



Os vícios fazem parte da vida das pessoas, em maior ou menor grau. Vício é tudo que causa dependência. Segundo o dicionário Aurélio, entre muitas outras definições, é qualquer “costume prejudicial”.
Somos todos dependentes por que há no mundo moderno uma série de valores que obrigam as pessoas a viver artificialidades escravizantes, como:
O culto ao corpo, que era uma preocupação das mulheres e hoje atinge também aos homens. Mulheres e Homens passam fome, adoecendo-se e esquecendo-se do crescimento espiritual.

Gastam, às vezes no mês em institutos e cabeleireiras o que a uma grande parte dos indivíduos do mundo não possuem para sustentar a sua família.
Somos às vezes convencidos pela mídia que nos mostra espetáculos ridículos, com filmes de violência, imoralidade, falta de caráter, mas que assistimos sem refletir. Quanto mais violentas e maldosas as tramas, maior é a audiência.

Somos dependentes da TV, do computador, do celular, mas não podemos deixar que a utilização destes aparelhos nos impacte no tempo de realização de leituras e lazer saudáveis.

Quem não pode viver sem um celular, um computador, uma máquina de fazer café, de lavar, um microondas pode estar sofrendo, sem saber, de tecnose, uma das novas psicopatologias da vida contemporânea, que começam a ser diagnosticadas por psicólogos, psicanalistas e por usuários que freqüentam consultórios médicos. O psicanalista Eduardo Losicer coordena um grupo que pesquisa as novas psicopatologias contemporâneas e diz que a dependência exagerada da tecnologia é uma espécie de compulsão:

É uma compulsão de informação e de comunicação. O excesso gera mecanismo de compulsão à repetição que compromete a saúde mental. As novas compulsões são as principais psicopatologias contemporâneas. A tecnose tem como sintoma dominante o vício por informação e hipercomunicação - diz o psicanalista.

Outras novas patologias vêm, segundo ele, da dependência da velocidade. Tudo na vida é hoje mais acelerado.
As pessoas vivem em alta velocidade e querem satisfazer seus desejos também nesse ritmo elétrico.



Para compensar essas urgências de gratificação, há uma abundância também cada vez mais veloz de objetos de satisfação que pretendem para preencher um vazio, uma falta radical da existência contemporânea. As pessoas correm em busca desses objetos, dessas informações. Elas, porém, são efêmeras, descartáveis, e a sensação de frustração leva à busca repetitiva, ou seja, compulsiva.

Isso é um perigo. Hoje, temos novos tipos de compulsão não diagnosticados pela psicanálise convencional. A compulsão por consumo é um desses novos sintomas. Há novas tristezas e novas depressões que são criadas pelas frustrações causadas pelas falhas da tecnologia e do consumo.

“Um computador não fabrica loucos obcecados pelo seu uso, mas obsessivos e fóbicos se ligam ao dilúvio tecnológico para evitar a realidade.”

“A tecnologia é atraente e não sabemos dar um basta. A jornada de trabalho aumentou três horas diárias com o celular e a Internet em casa. Fiquei com pavor de férias pelo que poderia acontecer com meu e-mail. Hoje não respondo e-mails imediatamente, e só minha família tem meu celular.”

Não há comprovação para os ditos malefícios do uso do telefone celular. Quem sofre com a tecnologia é o obsessivo compulsivo.

Para os pesquisadores, é possível falar de uma síndrome de dependência de internet "muito semelhante à causada pelo álcool, drogas ou o jogo patológico". As características de um viciado em internet são, de acordo com o estudo, tempo de conexão à internet excessivamente alto, isolamento do ambiente social e desatenção em relação às atividades profissionais e acadêmicas.

Não podemos nos escravizar pelo status que determina como devemos morar, andar, vestir, comer e conduzir-nos durante nossa encarnação.

É hora de deixar de sermos dependentes das vulgaridades para nos dedicarmos às lições que edifiquem o futuro verdadeiro

Não podemos transformar a existência na Terra, como sendo uma corrida desenfreada na busca de prazeres materiais, onde o TER se torna mais importante que SER.

"Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? - Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços!". (Questão nº 909 de O Livro dos Espíritos).
 
 


Bullying escolar - uma visão espírita

Edgard Diaz de Abreu

"Todas as crianças e adolescentes têm direito a escolas onde existam alegria, amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles." Aramis Antonio Lopes Neto.


Neste artigo vamos abordar uma das formas de assedio moral, o bullying escolar, prática cada vez mais freqüente nas escolas, e que vem causando grandes transtornos nas vidas das vítimas desse processo. A prática de bullying começou a ser pesquisada há cerca de 10 anos na Europa, quando descobriram que essa forma de violência estava por trás de muitas tentativas de suicídios de adolescentes. Não temos a pretensão de esgotar o tema, mas apenas e sobretudo lançar um pouco de luz num assunto tão importante, e alertar para esta pratica tão desumana da nossa sociedade. Não resta dúvida que o mundo atual encontra-se enfermo, e a ética está abandonada por grande parte da população, resultando em comportamentos cuja tônica é o egoísmo. Trata-se de forma de exclusão escolar e por extensão social, perversa e cruel, já que, normalmente, colegas de escola freqüentam muitas vezes os mesmos lugares, tais como cursinhos de inglês, academias de ginástica, shopping centers, e festinhas; estando em contato certamente grande parte do dia, inclusive fora das escolas. Psicólogos têm me asseverado que o bullying tem ocorrido em várias escolas da rede particular do Rio de janeiro, estando inclusive mais presentes nas grandes escolas, pois em escolas pequenas, fica mais difícil de realizar a prática sem chamar a atenção dos professores e da direção da escola. Lembrando a pergunta 754 de "O Livro dos Espíritos": A crueldade não derivará da carência de senso moral? "Dize – da falta de desenvolvimento do senso moral; não digas da carência, porquanto o senso moral existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral que dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou."

O que viria a ser o bullying escolar? Seria quando um grupo de colegas de uma mesma escola, freqüentemente da mesma turma, promove uma segregação, de forma repetitiva, tentando isolar um dos membros da turma, seja este membro rapaz ou moça, de forma que este fique isolado e sem ambiente na turma, o que gera muitas vezes na vítima, depressão, apatia, falta de motivação, baixa do rendimento escolar, falta de apetite e tendência ao isolamento (passa a não ter prazer em sair de casa ou a se relacionar com as pessoas) e vontade de trocar de escola. A motivação para essa conduta tem muitas causas, mas poderíamos relacionar algumas que nos parecem as mais freqüentes: busca de poder no grupo (necessidade de dominar), egoísmo, vaidade, sedução, insegurança, necessidade de chamar a atenção para si, segregação racial, segregação de classe social (aluno bolsista) etc.

A forma de execução do bullying acontece de muitas maneiras, sendo freqüente entre os rapazes o uso da força física ou psicológica e da intimidação, e entre as moças a mentira, a fofoca, a maledicência, e a difamação; todas de forma orquestrada, ou seja, de comum acordo e planejadas pelo grupo agressor, para desacreditar a vítima, de forma progressiva, numa atitude de franca antipatia, muitas vezes ignorando a vítima nos ambientes que ela freqüenta, como se ela não existisse, levando essa vítima a um stress com os sintomas relacionados acima, demonstrando a que nível de perversão alguns adolescentes estão chegando.

O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5ª a 8ª séries, das escolas públicas e privadas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de bullying. Estudos demonstraram que a média de idade de maior incidência entre os agressores, situa-se na casa dos 13 a 14 anos, estando presente entretanto com freqüência até os 19 anos. A grande maioria, ou seja, 69,3% dos jovens admitiram não saber as razões que levam à ocorrência de bullying.

Muitas vezes os colegas percebem a situação, mas por medo se omitem, pois temem ser a próxima vítima. Não resta dúvida que este tipo de conduta retrata um grande apego às coisas materiais e, por extensão, afastamento da religião de uma forma geral, ou seja, estes alunos, na sua grande maioria, não possuem crença religiosa, estando movidos na luta pelas aquisições materiais principalmente, já que desconhecem a vida espiritual.

Podemos notar neste processo o que já relatamos em artigo anterior, "Desafios na educação do Adolescente" (RIE Agosto 2006), que trata da falta de limites de uma grande parte dos adolescentes atualmente. São pessoas que não têm pudor, e fazem de tudo para conquistar seus objetivos, passando por cima de tudo e de todos, achando que os fins justificam os meios.

Na pergunta 755 de "O Livro dos Espíritos" Kardec interroga os espíritos :"Como pode dar-se que no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens ? Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram frutos estragados. São, se quiseres, selvagens que da civilização só tem a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na expectativa de também se adiantarem; contudo, se a prova for muito pesada, vai predominar a natureza primitiva."

Todos sabemos que a criança para o seu pleno desenvolvimento necessita sentir-se amada, valorizada, aceita, incentivada à auto-expressão e ao diálogo, incentivada à pratica religiosa, principalmente na adolescência, porém a noção de limites precisa e deve ser estabelecida com firmeza e sobretudo com coerência. Mas observa-se, na sociedade atual, crianças as quais são criadas dentro de padrões de liberalidade excessiva, sem limites, sem noções de responsabilidade, sem disciplina, sem religião e muitas vezes sem amor; estas serão aquelas com maior tendência aos comportamentos agressivos, tais como o bullying, pois foram mal acostumadas e por isso esperam que todos façam as suas vontades e atendam sempre às suas ordens .

É importante observar, que num mundo com tantas mazelas como o nosso, pode ser possível que, algumas vezes, os pais desses algozes, percebam o bullying praticado pelos filhos, mas façam vista grossa, por perceberem que a prática do filho pode estar rendendo-lhe algum tipo de vantagem, o que torna o ato mais desumano ainda, pois estaria presente a conivência paterna. Tal ato poderia ser facilmente explicado pela falta de ética e educação dos referidos pais, fato tão comum nos dias atuais. Devemos ressaltar que o apoio da família, neste momento, é fundamental, entretanto é necessário ter prudência, pois num primeiro momento o sentimento que predomina é o da retaliação, ou mesmo da vingança. Mas a Doutrina Espírita nos ensina que violência gera violência, ou que o ódio gera mais ódio ainda, lembrando a frase do Apóstolo Paulo de Tarso: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém".

Devemos procurar os professores da turma em questão e colocar o ocorrido, de forma serena, mas com firmeza, numa tentativa de amenizar a situação, o que nem sempre é fácil, se não houver a participação de pais, professores e funcionários, em virtude dos traumas e das humilhações já vivenciadas, algumas vezes uma troca de turma numa mesma escola já pode ajudar. Podemos ainda incentivar o convívio com outros colegas, com os quais essas crianças não tinham convívio ainda, às vezes até por falta de oportunidade. Devemos ainda, caso a criança encontre-se deprimida, lançar mão da ajuda de um profissional, como um psicólogo, para ajudar na recuperação desta criança, facilitando assim sua reintegração na escola. Devemos ressaltar que trocar de escola pode não ser uma boa idéia, pois assim estaríamos dando o entendimento a criança, que toda vez que houver um problema em sua vida, é só mudar de lugar que tudo estará resolvido, ou seja, fugir do problema em vez de procurar resolvê-lo.

Gostaríamos de lembrar como aprendemos na Doutrina Espírita, que nada acontece por acaso, e sendo assim tudo na vida encerra um ensinamento e, portanto, concorre para o nosso crescimento; dentro desta visão, as crianças que sofrem esta prática de assédio moral, podem estar passando por um processo de aprendizado, que as impeça de se comportarem desta forma com os outros no futuro, e ao mesmo tempo, podem estar sendo incentivadas à humildade (do latim humus = terra fértil para a colheita) e a solidariedade, práticas das quais poderiam estar se afastando lentamente, em razão do mundo atual mostrar-se muito egoísta, cruel e algumas vezes prepotente, onde a imoralidade e a falta de ética, são coisas corriqueiras, assunto por nós já mais detalhado no artigo "A ética e o mundo atual" (RIE Agosto 2007).

Lidar com as adversidades da vida requer vontade, fé, serenidade e coragem (cor = coração), lembrando ainda que: " A vontade é a mola do mundo, mas o amor é a manivela", e relembrando Joanna de Ângelis: " Só o amor transforma conhecimento em sabedoria". E, para encerrar, como espíritas devemos estar sempre atentos para os atos de nossos filhos, para que não façam aos outros, o que não gostariam que lhes fizessem. Podemos nos basear no exemplo de Eurípedes Barsanulfo que, em sua escola Espírita em Sacramento, a primeira do Brasil, no início do século XX, dizia que não se satisfazia em criar cidadãos para a sociedade, mas que procurava criar filhos de Deus. A explicação é simples: filhos de Deus respeitam tudo que é criação de Deus, são, portanto, éticos e ecologicamente corretos, pois são incapazes de destruir o que Deus criou, respeitando assim a natureza e os seus semelhantes.

Bibliografia:
1 –
http://www.bullying.com.br/
2 - http://www.abrapia.org.br/ (site da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) .
3 – "O Livro dos Espíritos", Allan kardec, perg. 754 e 755,




TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

Muitas pessoas ao redor do planeta sustentam a ideia de que o mundo vai acabar neste ano, precisamente no dia 21 de dezembro. Será que esta informação procede? O que a Doutrina Espírita nos esclarece sobre isto?
Esta ideia do fim do mundo já vem de tempos remotos onde muitos profetas anunciavam de forma alegórica e subliminar o fim do mundo. A bíblia está repleta de tais eventos, como por exemplo, no Novo Testamento em Apocalipse, no sermão profético de Jesus, etc.
Além destes fatos ainda temos Nostradamus, grande vidente do século quinze, os três segredos de Fátima e tantos outros. Esta data mencionada para o fim do mundo está relacionada diretamente com o fim do calendário maia. Esta profecia maia já tomou uma grande proporção na internet pelo mundo todo com milhões de adeptos  acreditando firmemente que o mundo vai acabar nesta data. Há uma infinidade de teorias diferentes.
A ciência também tem as suas teorias sobre este assunto. Falam sobre o choque de um planeta conhecido como Nibiru com o nosso planeta, alinhamento da Terra com a Via Láctea, erupção do vulcão Yellow Stone provocando alterações no mundo todo, catástrofes de imensas proporções, provocando maremotos, tsunamis e até mesmo a inversão dos polos magnéticos  da Terra (Norte e Sul). Muitos livros já foram publicados sobre isto, dentre eles “Apocalipse” e “O dia Seguinte” de Lawrence Joseph. A outra possibilidade também seria uma terceira guerra mundial onde a bomba atômica devastaria o planeta todo em poucos minutos.

E você o que acha disto? É assustador? Será que Deus na sua bondade infinita já cansou dos nossos caprichos, da nossa infantilidade espiritual e decidiu simplesmente “apertar” um botão e explodir o nosso planeta? Se a resposta for sim, com certeza tudo o que aprendemos até agora cairia por terra, inclusive o amor Dele infinito pelas suas criaturas.
Vamos usar a nossa fé raciocinada neste momento e verificar o que os Espíritos esclareceram a Kardec sobre este assunto. Encontraremos vasto material no livro da Gênese, capítulo 18 onde Kardec coloca de forma clara, objetiva e racional estas questões.

Realmente são chegados os tempos, estamos passando por um momento crucial, talvez o mais importante de toda a nossa existência. Nosso planeta será promovido de provas e expiações para  um planeta de regeneração. É a lei do progresso se mostrando fatalmente a tudo e a todos. Este processo de “limpeza planetária” já está ocorrendo de forma contínua, porém gradativa e teve o seu início aproximado na década de 70.
É chegada a hora em que somente os Espíritos que carregam o bem dentro de si vão continuar habitando este planeta. Os Espíritos recalcitrantes ainda presos no mal que estão muito distantes do amor e do bem estão sendo migrados para outros planetas inferiores à Terra (a modelo do que já ocorreu com o nosso planeta quando acolhemos os exilados de Capela).

Sabemos que a lei de afinidade é válida para todo o universo e os Espíritos se agrupam sempre de acordo com as suas afinidades, seus interesses e sua evolução espiritual. Portanto estes Espíritos não teriam nenhuma afinidade e interesses em habitar um planeta onde só reinará a paz, o bem e o amor.
Deus na sua bondade infinita dá a benção da reencarnação a todos os Espíritos, nenhuma ovelha se perderá  como Jesus já dizia, todos terão a oportunidade de habitarem um planeta onde lá eles terão novas oportunidades de refazerem os seus caminhos rumo à perfeição.

 Neste planeta de regeneração somente habitará espíritos ainda não perfeitos, mas que já acenderam a sua luz no bem e no amor onde vibrarão em uníssono alcançando faixas vibratórias mais elevadas.
Sabemos que toda transformação muitas vezes traz grandes choques, tumultos, agitações e é exatamente isto que estamos vivendo hoje em nosso planeta. Da mesma forma que espíritos inferiores estão migrando para outros planetas, aqui na Terra já estão reencarnando muitos espíritos de ordem mais elevada para agilizar este processo. É exatamente isto que Kardec coloca quando fala do conflito de gerações do “velho mundo” com o “novo mundo”.

Percebem como tudo está sendo feito com muito cuidado, amor, carinho e que nada está fora do lugar? Tudo tem a sua razão de ser, tudo está certo no lugar certo e não temos absolutamente nada o que temer, pois Jesus está no comando desta imensa Nau. Existe uma agitação imensa do lado de lá, milhares de espíritos amigos estão trabalhando incessantemente neste momento, auxiliando a humanidade neste processo. Portanto nunca estamos sozinhos e desamparados.
Sabemos também que a lei de destruição faz parte da evolução e muitas vezes o que parece uma catástrofe aos nossos olhos é a renovação se fazendo presente. Podemos observar isto estudando o Livro dos Espíritos no capítulo 06 terceira parte. Acredito que muitas catástrofes naturais ainda vão acontecer, mas faz parte da limpeza planetária. Muitas vezes precisamos receber um susto da vida para despertarmos nossa solidariedade e fraternidade em relação ao nosso próximo.

Agora cabe a nós a seguinte questão: E eu vou continuar habitando o planeta Terra participando e ajudando a promovê-lo para um planeta de regeneração ou terei que migrar para um planeta inferior? A nossa consciência é o único juiz que pode nos dizer isto. Se ainda estamos vibrando em faixas inferiores, seja de vingança, ódio, rancor, enfim onde o mal ainda predomina, tenhamos muito cuidado e cautela, mas ainda podemos mudar tudo isto, basta querermos.
Façamos da nossa vida um poema de luz, vamos deixar a nossa luz brilhar, vamos seguir em frente caminhando sempre na certeza de que estamos dando o nosso melhor e é somente isto que importa. A Doutrina Espírita é consoladora, nos enche de luz e nos convida ao trabalho. Se fizermos ao outro aquilo que queremos para nós mesmos, estaremos fazendo parte de um planeta melhor e isto nos enche de esperança e felicidade. 

Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir já estão sentindo toda esta transição planetária.
Vamos fazer a nossa parte, cada um de nós, trabalhando e servindo. Jesus e sua falange estão conosco agora e sempre e jamais vão nos abandonar.

Muita Paz,
Márcia Nicoletti 
 marcia@spot-training.com.br 

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